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Dez Rostos da Poesia Lusófona, na XIII Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, 2007.



Nul n’est juge des arts, que l’artiste lui-même ( Chénier)


A poesia não é só fatalismo, sentimentalismo, êxtase, ou expressão briosa. As obras poéticas não são obrigatoriamente compilações esotéricas destinadas a espíritos advertidos, nem composições simplistas servidas nos arraiais populistas.

O poeta é um artista, e; como tal, tem direito à insubordinação literária.


O poeta, como sujeito, quando imbricado na sua obra, procura nos bas-fonds das metrópoles, ou nos ribeirões ventilados por ramos de luz e sombra, a música volúvel sublimada, importada do seu glossário de vocábulos, onde residem; imagens figuradas, linguagem poética e; pressuposições filológicas.

“Assim, deixando gradativamente o cognitivo, partindo para o emotivo, o artista romântico projecta a sua imaginação para um tipo de poesia que é a poesia exortativa, sentimental; uma poesia de soluço onde rebenta o sentimento pessoal, como o soube fazer, Alfred de Musset (1) ( é récita de romantismo).”

Mas a poesia não é só lirismo, mas também e não só, linguagem inovadora repleta de sentido de justiça, que pretende reabilitar a balança equitativamente distribuidora de bens e de obras “o reino da acção da poesia é a linguagem” segundo a afirmação de Heidegger.

É apregoo de advertência e até de acusação, é canto popular na boca do trovador, é filosofia alçada na pena do metafórico, é alarde e edificação, mas sobretudo, é arte.


A expressão poética, quando conjugada - como aqui – num maço de folhas, como ramificação de faculdades, ou sindicância de personalidades, - sonda todos os tipos de linguagem poética, como sinopse ou pano de amostra dum grupo poético contemporâneo.

“Ao poeta cabe defender a poesia e também escrevê-la, não para ser atomizada e vivissecada pelo teórico, não para ser lida apenas pelos iniciados e pelos colunistas de letras, mas para instituir este tipo de literatura como espelho da linguagem, do mito e da destinação humana”. (2)

O poeta não é apenas o mineiro que extrai letras indecifráveis de pedreiras, e as transforma em linguagem melodiosa, ritmada na construção de estrofes, que parece querer captar, do pintor e do escultor, os contornos daquelas artes, para serem finalizadas na concordância do artista musical, ou simplesmente soletradas nas bocas dos recitadores. O poeta tem um dever social maior do que aquele que é talhado pelo literato resoluto, a linguagem do poeta não é moda, os seus escritos duram além da vigência da literatura comum. Se o poeta morre. A poesia é eterna. Os poetas deste grupo escreveram para a eternidade.

Fernando Oliveira

Notas bibliográficas: 1- Imagem Poética Linguagens Modernidade. José Maria de Sousa Dantas. 2 – Revista de Poesia e Critica. Domingos Carvalho da Silva

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